quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Artigo Publicado - Tuberculose Pulmonar


Segue abaixo link para acesso à publicação do artigo:

O Desafio do Enfermeiro Sanitarista no Combate à Tuberculose Pulmonar, que foi aprovado por equipe editorial.
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Este artigo foi revisto por: Ronit Rozen - Edição e Revisão

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Holismo



Holismo (grego ''holos'', todo) é a idéia de que as propriedades de um sistema não pode ser explicada apenas pela soma de seus componentes. A palavra foi cunhada por Jan Smuts por volta de 1920, governador do Reino Unido britânico, que no sul da India, definiu: "A tendência da natureza a formar, através de evolução criativa, todos que são maiores que a soma de suas partes". É também chamado '''não-reducionismo''', por ser o oposto do reducionismo. Pode ser visto também como o oposto de atomismo ou mesmo como do materialismo. Vê o mundo como um todo integrado, como um organismo. Embora ao longo da história diversos pensadores tenham afirmado, de uma forma ou de outra, o princípio do holismo, o primeiro filósofo que o instituiu para a ciência foi o francês Augusto Comte (1798-1857), ao instituir a importância do espírito de conjunto (ou de síntese) sobre o espírito de detalhes (ou de análise) para uma compreensão adequada da ciência em si e de seu valor para o conjunto da existência humana

Programação Neurolínguística



A Programação Neurolingüística é uma expressão um tanto obscura que na verdade compreende três idéias simples.
A parte "Neuro" da PNL reconhece a idéia fundamental de que todos os comportamentos nascem dos processos neurológicos da visão, audição, olfato, paladar, tato e sensação. Percebemos o mundo através dos cinco sentidos. "Compreendemos" a informação e depois agimos. Nossa neurologia inclui não apenas os processos mentais invisíveis, mas também as reações fisiológicas a idéias e acontecimentos. Uns refletem os outros no nível físico. Corpo e mente formam uma unidade inseparável, um ser humano.
A parte "Lingüística" do título indica que usamos a linguagem para ordenar nossos pensamentos e comportamentos e nos comunicarmos com os outros.
A "Programação" refere-se à maneira como organizamos nossas idéias e ações à fim de produzir resultados. A PNL trata da estrutura da experiência humana subjetiva, de como organizamos o que vemos através dos nossos sentidos. Também examina a forma como descrevemos isso através da linguagem e como agimos, intencionalmente ou não, para produzir resultados.

domingo, 14 de setembro de 2008

Dicionário básico da Saúde Mental


Alucinações: falsas percepções sensoriais não-associadas com estímulos externos reais. As alucinações podem compreender qualquer dos sentidos.

Certamente você já esteve diante de clientes com as mais variadas alucinações: visuais, auditivas, táteis e sabe que nem sempre o cliente que apresenta alucinações possui diagnóstico psiquiátrico, já que podem ser causadas também por distúrbios hidroeletrolíticos, drogas entre outros fatores.


Anedonia: incapacidade de vivenciar ou mesmo imaginar qualquer emoção agradável. Característico em clientes deprimidos.

Apragmatismo: incapacidade de realizar atos eficientes, objetivos e propositais. Atividade estéril ou ineficaz.


Apraxia: prejuízo na capacidade de executar atividades motoras.


Crise: Situação que produz desequilíbrio psicológico numa pessoa que enfrenta uma circunstância perigosa que constitui para ele um problema importante, do qual ele no momento não pode fugir e que ele não pode resolver com seus recursos habituais de resolução de problemas.


Delírios: juízo patologicamente falseado. Falsas crenças pessoais não condizentes com a inteligência ou referência cultural da pessoa. A pessoa continua a ter a ilusão a despeito da prova óbvia de que a crença é falsa e/ou irracional.


Despersonalização: alteração na percepção ou vivência do eu, de modo que o sentimento sobre a própria realidade da pessoa está temporariamente perdido.


Desrealização: alteração na percepção ou na experiência do mundo externo, de modo que ele pareça estranho ou irreal.


Doença Mental: respostas inadaptadas aos stressores provenientes do ambiente externo ou interno, evidenciadas por pensamentos, sentimentos e comportamentos que são incongruentes com as normas locais e culturais e interferem com a atuação social, ocupacional e/ou física da pessoa. Como podemos constatar o conceito de doença mental está intimamente ligado às questões culturais e as regras sociais.


Ecolalia: sintoma de linguagem. Repetição em eco da fala do outro (como papagaio).


Fuga de idéias: alteração da expressão do pensamento, variação incessante do tema, dificuldade importante para chegar à conclusão.


Hipersonia: sonolência excessiva ou busca excessiva por períodos de sono.


Humor: tônus emocional sustentado de uma pessoa que significativamente influencia o comportamento, a personalidade e a percepção.


Ilusões: percepções reais falsificadas sob o engano dos sentidos.


Labilidade emocional: mudança rápida e imotivada do humor ou estado de ânimo, sempre acompanhada de extraordinária intensidade afetiva.


Logorréia: produção aumentada de palavras. Idéias que tem de ser verbalizadas.


Negação: recusa em reconhecer a existência de uma situação real e/ou sentimentos associados a ela.


Neologismo: novas palavras que o individuo psicótico inventa, e que não fazem sentido para outras pessoas, porém possuem um significado simbólico para o indivíduo psicótico.


Perseveração: repetição persistente da mesma palavra ou idéia, em resposta a diferentes perguntas.


Salada de palavras: grupo de palavras que são colocadas juntas, de uma forma aleatória e sem qualquer significado ou lógica.


Taquipsiquismo: aceleração do ritmo do pensamento ou do psiquismo geral. Produção de idéias que supera a capacidade de verbalização.

Psicotrópicos




Os medicamentos psicotrópicos são remédios utilizados no combate da ansiedade, agitação, insônia, angústia, depressão, que são sintomas muito freqüentes encontrados em nossos pacientes. As drogas psicotrópicas são também denominadas psicoativas, sedativas ou tranqüilizantes, podendo ser usadas como estimulantes. Alteram o funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC), temporariamente. Classificam-se em três grandes grupos: Drogas Depressoras da Atividade do SNC, Drogas Estimulantes da Atividade do SNC e Drogas Alucinógenas ou Perturbadoras do SNC. O termo droga teve origem na palavra droog, que significa folha seca, pois antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à base de vegetais, é definido como qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. Psicotrópico deriva de psico (psiquismo), palavra grega que significa o que sentimos, fazemos e pensamos (mente); e trópico significa ter atração por (ação de aproximar). Portanto, sua ação vem do cérebro produzindo alterações de comportamento, humor e cognição. Sua utilização indiscriminada pode trazer graves reações adversas (efeitos colaterais). A associação destas substâncias com outras, muito comum na terceira idade, como diuréticos, por exemplo, pode provocar sérias conseqüências: quedas e fraturas. Observa-se constantemente o uso continuado de tranqüilizantes, por meses ou até anos seguidos. Estas substâncias, além de provocarem dependência física e psíquica, levam a uma queda do rendimento individual, como diminuição da memória, da atenção, da força muscular e da potência sexual. Tais fatos acentuam a ansiedade ou a depressão, criando um círculo vicioso muito negativo. Estudos científicos demonstram que as substâncias tranqüilizantes se comportam de maneira diferente no organismo do idoso, havendo tendência a aumentar seu efeito sedativo. Não é raro o idoso queixar-se de falta de memória acentuada, justificando-a como sendo devido à idade, e na realidade tratar-se de uma intoxicação por psicotrópicos.Aconselha-se o uso de medicamentos psicotrópicos com muito critério, de preferência por tempo irregular, descontinuando-o com freqüência, de acordo com a prescrição médica (receituário especial). Em situações de graves distúrbios psiquiátricos sua utilização será continuada e sempre sob controle médico. Quando uma pessoa dependente de psicotrópicos tem sua retirada súbita pode sofrer sérias conseqüências como agitação, palpitações e tremores. Portanto, esta prática deve ser feita vagarosamente e com acompanhamento médico.

Eletroconvulsoterapia




A ECT (eletroconvulsoterapia) é um tipo de tratamento biológico para transtornos mentais altamente eficaz e extremamente seguro. Em alguns casos pode salvar a vida de uma pessoa (alguém com ideação suicida ou que esteja definhando por falta de alimentação, por exemplo).
Desde os seus princípios nos anos 1930 (ver HISTÓRICO ) , a ECT foi utilizada para condições psiquiátricas nas quais outros tratamentos tiveram pouco ou nenhum benefício.
Independentemente da comprovada eficácia, contudo, muitos medos e incompreensões persistem com relação ao uso de ECT. Algumas pessoas reagem com surpresa quando este procedimento é mencionado, acreditando que é uma forma primitiva de prática médica. Outros associam a ECT com cadeira elétrica, originando receios sobre brutalidade e punição. Na verdade, a prática de ECT é hoje um procedimento humano e tecnicamente bem pesquisado, de eficácia comprovada, muito utilizado para certas condições.

Técnica

O tratamento consiste na aplicação de uma carga elétrica no cérebro, com o paciente anestesiado (é induzida uma anestesia geral com duração em torno de 5 minutos). Esta carga elétrica produz uma descarga do cérebro, originando uma convulsão (daí o nome eletroconvulsoterapia). Esta convulsão é bastante diferente da que ocorre nas pessoas com epilepsia pois é administrada ao paciente, juntamente com a medicação anestésica, uma medicação que promove um relaxamento muscular.
Durante a aplicação, é feito um controle do funcionamento cardíaco (com monitorização através de ECG) e da oxigenação do sangue (através de um oxímetro, uma espécie de dedal que avalia se a quantidade de oxigênio no sangue está adequada) , além de um controle da pressão arterial.
Os aparelhos utilizados para a ECT atualmente são muito desenvolvidos, permitindo que se dê uma carga de energia adequada para cada paciente. Pode-se realizar a aplicação bilateral (na qual os eletrodos são posicionados nas têmporas) ou unilateral (na qual os eletrodos são posicionados um na têmpora e o outro na região superior da cabeça). Durante o procedimento é realizado um eletroencefalograma para controle da crise.

Indicações

A principal indicação para o uso de ECT é a depressão, especialmente se for grave, ou resistente ao tratamento com remédios, ou nos casos em que haja um risco elevado de suicídio. A eficácia para este transtorno é muito alta (em torno de 90%) , comparada com as medicações (em torno de 70%).
Pacientes idosos, que são mais sensíveis aos efeitos colaterais das medicações antidepressivas podem se beneficiar bastante com a ECT.
Também pode ser utilizada para casos em que haja catatonia (uma síndrome comum na esquizofrenia na qual a pessoa fica completamente parada, sem falar e sem se alimentar).
Para pacientes com transtornos mentais durante a gestação (depressões, psicoses) a ECT é o tratamento mais seguro, pois os remédios podem fazer mal à criança, induzindo malformações, especialmente no primeiro trimestre da gravidez.
Pacientes com esquizofrenia ou Transtorno Bipolar do Humor em fase de Mania (ficam com o pensamento acelerado e o comportamento expansivo e incontrolável) também podem se beneficiar da ECT, especialmente quando o quadro é grave e/ou as medicações não obtiveram resultado satisfatório.

Riscos

Antes do início das aplicações, por questão de segurança relacionada ao risco da anestesia, é sempre realizada uma avaliação pré-ECT que consiste em:

exames laboratoriais (hemograma, glicemia, nível sérico de potássio)
eletrocardiograma e avaliação cardiológica
avaliação odontológica
exame de fundo-de-olho ou tomografia de crânio
raios-X de tórax

Apesar de ser um tratamento muito seguro, existem algumas condições nas quais há um risco aumentado e que, por isso, há uma contra-indicação relativa para o uso da ECT. É claro que, se o risco de ficar sem ECT for maior, deve-se fazer a ECT, tomando-se os devidos cuidados. As contra-indicações relativas são: Infarto do miocárdio recente (até 6 meses) , condições que aumentam a presssão intra-craniana (tumores ou hematomas) e aneurisma cerebral ou sangramentos cerebrais ("derrames"). Arritmias do coração devem ser avaliadas por um cardiologista pois a maioria não contra-indica a utilização de ECT.

Efeitos colaterais

São dois os principais efeitos colaterais da ECT: Dor de cabeça (que costuma melhorar com analgésicos comuns do tipo novalgina ou aspirina) e alterações na memória (que é recuperada completamente no prazo máximo de 6 meses). Com as técnicas modernas, estes efeitos são leves e pouco freqüentes.


Curso do tratamento

A ECT costuma ser realizada três vezes por semana, levando uma média de 6 a 12 aplicações para apresentar o seu efeito (mínimo de 1 e máximo de 20 aplicações).
Pode ser feita com o paciente internado ou em regime ambulatorial (o paciente vem da sua casa para a sessão e, depois que acorda da anestesia, volta para casa).
A freqüência e o número das aplicações é decidido pelo consenso entre o médico do paciente que indicou a ECT e a equipe especializada.
Se o paciente responde bem ao tratamento, pode ser realizada a ECT de manutenção, na qual as aplicações vão sendo espaçadas (primeiro semanalmente, depois quinzenalmente e, por fim, mensalmente).
Não há limite para o número máximo de aplicações que uma pessoa pode receber em um esquema de manutenção.

Lei 10.216/2001 - Reforma Psiquiátrica






Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.
Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário.
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos.
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico assistente.
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários.
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.
Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para acompanhar a implementação desta Lei.
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Brasília, 6 de abril de 2001


FERNANDO HENRIQUE CARDOSO; Jose Gregori; José Serra; Roberto Brant

O Papel da Enfermagem
























O QUE É ENFERMAGEM?

É uma ciência e uma arte. A ciência da enfermagem deseja proporcionar um corpo de conhecimentos abstratos, resultantes de pesquisas científicas e análises lógicas, e deseja ser capaz de transferir esses conhecimentos para a prática. O uso criativo e imaginativo do conhecimento para a melhoria do homem encontra expressão na arte da enfermagem.
É uma ciência empírica, cujo propósito é descrever e explicar o fenômeno central de seu interesse (o homem, indivíduo ou grupo) e de predizer a seu respeito; descrição, explanação e predição são os precursores da intervenção baseada em conhecimentos.
Cabe à enfermagem desenvolver atividades para a manutenção e promoção da saúde, bem como para a prevenção de doenças, sendo de sua responsabilidade o diagnóstico e a intervenção de enfermagem. Seu objetivo é assistir as pessoas para atingirem seu potencial máximo de saúde.
Os princípios para guiar a prática emergem do sistema conceitual, cujo fenômeno é o processo vital. A prática da enfermagem procura promover a interação sincrônica entre o homem e o ambiente, fortalecer a coerência e a integridade do corpo humano, e dirigir e redigir a padronização dos campos humanos e ambientais para a realização máxima do potencial de saúde. Saúde e doença estão submersas na totalidade sinergética do homem; desvios ao longo do eixo vital resultam da complementação sincrônica do Homem e do ambiente.
A prática é criativa e imaginativa. Está fundamentada em conhecimentos abstratos, julgamento intelectual e compaixão humana.
Os objetivos da enfermagem tomam e adicionam dimensões na medida em que conhecimentos teóricos proporcionam direções à prática. A enfermagem está se dirigindo a uma nova era: a do preenchimento das necessidades humanas.

ENFERMEIRO (Nível Superior)

Um agente de mudanças: através das atividades da enfermagem ele visa encontrar relações entre o homem e o ambiente, no processo vital. Visa incorporar novos conhecimentos e processo instrucional para encontrar uma maneira de ação. O enfermeiro de amanhã será diferente do de hoje, e o de hoje é diferente do de anos passados.
Os novos horizontes da enfermagem exigem do profissional responsabilidade de elaboração das bases científicas desta ciência em desenvolvimento. O enfermeiro deve estar motivado para acompanhar os conhecimentos e para aplicá-los, bem como para realizar investigações e pesquisas. As grandes mudanças e avanços tecnológicos que vêm ocorrendo na área de saúde estão exigindo da enfermagem ações cada vez mais arrojadas, sintonizadas com os novos tempos e os novos paradigmas.Atingir a excelência na assistência da Enfermagem apresenta-se como um caminho irreversível; caminho este que sinaliza a constante preocupação dos profissionais em buscar o aperfeiçoamento, o conhecimento disponibilizado pelas tecnologias e orientar a atuação profissional maximizando todos os recursos disponíveis. Busca-se também, alavancar a qualidade nos serviços prestados e o alto grau de satisfação dos pacientes sem perder de vista o impacto final na sua saúde.
O profissional de enfermagem precisa se conscientizar rapidamente que as necessidades dos pacientes mudaram, acompanhando uma série de alterações na vida cotidiana e no meio ambiente, bem como as contribuições advindas das ciências. O homem hoje tem sua expectativa de vida aumentada, crianças já não precisam de pais vivos para ser geradas, epidemias relâmpagos surgem e desaparecem, novas patologias são evidenciadas no dia-a-dia, assim como, aquelas que já se visualizavam como “controladas”, reaparecem.
Em contra partida, concordando com a opinião de Ruth Leigert, o profissional freqüenta um curso durante meses ou anos, ingressa no mercado de trabalho e muitas vezes não percebe que em comparação com todos os avanços, sejam eles na Medicina, Biologia, Indústria Farmacêutica, seus comportamentos frente às demanda contemporânea, precisa ser repensado. Esse repensar, assim como, a alteração de atitudes e comportamentos frente às demandas atuais, está diretamente relacionado à formação técnica, assim como à dinamização dos aspectos emocionais.
Os aspectos emocionais aos quais nos referimos, considerados no amplo contexto da enfermagem, incluem a consciência de si mesmo, maior controle da impulsividade, maior persistência e motivação, prática da empatia, zelo, habilidades sociais e resistência psicológica, conceitos esses, explicitados por Daniel Goleman em 1995, os quais nos levam a refletir o quanto necessita ser exercitados, por todas as categorias profissionais, e, no enfoque do presente artigo, pelo enfermeiro, o qual no transcorrer de sua carreira, enfrenta vários obstáculos, entre eles, as tensões, as políticas de saúde, a falta de continuidade nos projetos de assistência, os desafios do trabalho em equipe, entre outros.
Na nossa experiência profissional, temos tido a oportunidade de acompanhar o trabalho dos profissionais da área de Enfermagem (Enfermeiros, Técnicos em Enfermagem, Auxiliares de Enfermagem, Coordenadores e Auxiliares Administrativos), nos mais variados turnos e locais (hospitais, laboratórios, clínicas,) e observamos que, mesmo enfrentando dificuldades, a equipe de enfermagem busca assumir a responsabilidade pela assistência ao paciente, interagindo com os outros integrantes (Médicos, Nutricionistas, Psicólogos, Assistentes Sociais), no que tange ao aspecto curativo e preventivo.
Entretanto, conflitos são evidenciados e muitas vezes, o enfermeiro fica dividido entre atender as necessidades e expectativas do grupo, ou da organização, ou mesmo às suas próprias necessidades, resultando frustrações, insegurança e insatisfação profissional.
Estes fatores dificultam o alcance da excelência, levando à reflexão e a busca de alternativas para amenizá-los/ modificá-los. Observamos que os enfermeiros estão atentos a estas questões e através da “genialidade inovadora”( associando a formação à experiência profissional e inteligência emocional), tem buscado incansavelmente, reverter essa situação.
Com foco nesse cenário, entendemos que algumas competências (emocionais e sociais básicas), podem contribuir para uma constante melhoria no desempenho dos enfermeiros, e suas interações nas equipes de trabalho, frente à complexidade das organizações de saúde . Destacando as contribuições de vários pesquisadores, entre eles, Daniel Goleman, assinalamos a seguir, aquelas que julgamos como principais para a excelência na prestação de serviços da enfermagem, assim como, maior alcance de Qualidade de Vida para os profissionais de saúde :

Auto-percepção – Identificar os próprios sentimentos e como eles interferem em nosso processo decisório. Estar atento às preferências que norteiam nossa tomada de decisão conhecendo nossas forças e fraquezas e reconhecendo sentimentos, tão logo eles surjam, para que possamos lidar de forma construtiva com os mesmos.
Controle de Emoções – Lidar bem com as próprias emoções, de forma que facilitem o alcance de nossas metas. Saber adiar a recompensa, dominando a ansiedade e a raiva, assim como, recuperando-se bem das aflições emocionais.
Auto-motivação – Mesmo frente aos fracassos e dificuldades, buscar forças interiores para continuar, com bom humor, otimismo, coragem, acreditando que as situações possam ser melhores, assim como, empreendendo ações para que efetivamente melhorem.
Empatia – Desenvolver a arte do “saber ouvir”, concentrando-se nos sentimentos das outras pessoas, buscando entender porque estão agindo de certa maneira e não de outra, contribuindo para o aflorar de ações preventivas, sintonizadas com as diferenças interpessoais, dinamizando o que há de melhor, em si mesmo e nos integrantes da equipe de saúde, do paciente, familiares, comunidade, ampliando a capacidade de perceber e sentir tendo como referencial a perspectiva do “outro”.
Habilidades sociais – Lidar bem com as emoções nos relacionamentos, interagindo com facilidade, liderando, intermediando, fazendo concessões e superando divergências, contribuindo para o aflorar da cooperação e da excelência nos processos de equipe.
Estas dimensões caracterizam a visão da Inteligência Emocional, a qual refere-se a capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e contribuir para a motivação das pessoas, assim como gerenciar bem as emoções em nossos relacionamentos sócio-profissionais. O termo descreve a capacidade distinta e complementar da inteligência acadêmica, que se compõe de capacidades cognitivas medidas pelo Q.I., ou seja, tão importante como as habilidades cognitivas, as habilidades emocionais devem ser consideradas para a excelência no desempenho das atividades do profissional da enfermagem.

II - Desenvolvimento Temático

O contexto de trabalho caracterizado pelos Centros de Estudos, Educação Continuada e apoio dos Corens (Conselhos Regionais de Enfermagem), atentos aos aspectos cognitivos e emocionais, necessários para o desenvolvimento do profissional da enfermagem, oferecem subsídios importantes para atender com eficácia as demandas atuais, as quais entre outros fatores, assinalam pré-requisitos comportamentais e atitudinais para o efetivo desempenho do profissional de enfermagem. Dentre eles, destacam-se:
Quanto às Atitudes
 Disposição para correr riscos
 Curiosidade e inquietação
 Abertura intelectual
 Pró-atividade
 Segurança
 Habilidade de perceber e lidar com pessoas
 Disposição tanto para ser estrela como para “carregar o piano”
 Atuar em equipe, interagindo de forma efetiva com pessoas de pontos de vista diferentes.
 Flexibilidade
 Adaptabilidade
 Comunicabilidade
 Capacidade de aprender
Quanto às Competências
 Concentração criativa
 Capacidade conceitual
 Domínio de línguas estrangeiras
 Multifuncionalidade
 Versatilidade
 Visão de conjunto e longo prazo
 Leitura diária
 Capacidade de mudar
 História profissional
 Habilidade social e profissional
 Capacidade de lidar com ambigüidades e incertezas
 Capacidade para usar os conhecimentos acumulados e buscar outros (novas tecnologias, informática, etc)
 Capacidade de implementar a criatividade
 Equilíbrio de vida pessoal com profissional
 Saber orientar os pacientes a lidarem com suas necessidades reais.
 Fazer com que seu trabalho adicione verdadeiro valor aos serviços, Visão e Missão da Organização de Saúde.
O desenvolvimento de tais habilidades se dá a partir da incorporação gradativa de valores por parte do profissional de enfermagem, na medida em que sua identidade profissional se constitui no decorrer de sua trajetória acadêmica, profissional e social. As atitudes e comportamentos do enfermeiro, representam suas predisposições para a ação, onde se evidencia a prática profissional, associada à conduta humanizada que evidentemente está relacionada ao comportamento emocional/social, aliado à capacidade em discriminar objetivamente os estímulos ambientais voltados aos pacientes, suas necessidades e anseios.
Observa-se que, nos dias atuais, tem havido a preocupação do profissional em atualizar-se constantemente, o que sugere mudanças nos paradigmas atitudinais e comportamentais, visando a excelência profissional e pessoal do enfermeiro.
Do exposto, tem-se que a ênfase recai, principalmente, no desenvolvimento da competência técnica/interpessoal, possibilitando ao enfermeiro adaptar-se às mudanças, para que possa aferir resultados significativos, tanto em nível pessoal quanto em nível coletivo.
A pesquisa em enfermagem, também se constitui em fator fundamental para a compreensão das dimensões da profissão. Ela deve ser cada vez mais incentivada e implementada no dia-a-dia dos profissionais da enfermagem, ressaltando que, o Século XXI trará aos enfermeiros a possibilidade de privilegiar o saber, a partilha, a criatividade e o poder do cuidado.
Dessa forma, a conduta profissional, baseada na formação, na pesquisa, na experiência, na ampla troca de informações e conhecimentos com a equipe de trabalho, focalizada nas contribuições advindas da Inteligência Emocional, deve estar orientada para um pensamento preciso, disciplinado, que procure identificar os problemas reais ou potenciais nas pessoas (caráter preventivo), formular diagnósticos de enfermagem, definir objetivos e estratégias de intervenções, bem como proceder a uma avaliação contínua de todo o processo de assistência.
Concluindo, a prática profissional do enfermeiro está envolvida com o histórico da enfermagem, mas ao mesmo tempo, com a construção de um corpo de conhecimentos que abrange o processo de aprender a aprender ligados a aspectos de ordem científica, técnica, emocional, relacional (pessoal e interpessoal), ou seja, um conjunto de atitudes e comportamentos que contemplam valores humanistas, sintonizados com a percepção do macro ambiente.
Certamente a enfermagem vive hoje momentos de desafios e mudanças (avanços tecnológicos, reaparecimento de doenças consideradas controladas e, surgimento de outras, novas exigências dos clientes/pacientes). O cenário contemporâneo assinala nas mais variadas Organizações de Saúde do Brasil, atuações profissionais no contexto da enfermagem que se situam “para além do tratar”, ou seja, além do visível e palpável e abrangem dimensões afetivas, preventivas e expressivas dos cuidados. Tais atuações, as quais os autores já tiveram por diversas vezes a oportunidade de constatar, através de pesquisas, docência, participações em congressos (nacionais e internacionais), consultorias, levam-nos a ressaltar a importância da auto-motivação dos profissionais da área de enfermagem, para que, mesmo diante das dificuldades e das situações adversas, possam transformar ameaças em oportunidades, visando desenvolver o potencial de cada um para crescer e se desenvolver, como pessoa e como profissional. A atuação do enfermeiro, no limiar do Século XXI, tem como meta o desafio de contribuir para a recuperação, manutenção, desenvolvimento da saúde dos clientes, nas mais variadas organizações, adotando posturas pró-ativas, comprometidas com o bem-estar holístico, ou seja, bio-psico-social, com foco no equilíbrio físico/ emocional / intelectual e espiritual.
Certamente, há um valor terapêutico extra quando o profissional da enfermagem esforça-se para ser empático, estar sintonizado com os pacientes, buscando desenvolver a capacidade de ouvir e se fazer ouvido, promovendo “assistência centrada no relacionamento”, valorizando cada contato interpessoal e auxiliando as pessoas a lidarem com seus sentimentos perturbadores (ira, medo, depressão, pessimismo e solidão); ao mesmo tempo, espera-se que a postura profissional contribua para o surgimento de outras emoções nos pacientes, as quais dinamizem a recuperação/promoção de sua saúde, (alegria, auto-estima, redução de tensão, assertividade, cooperação, otimismo, coragem, assumir a responsabilidade pela própria felicidade). Tal postura, além de contribuir para o bem estar do paciente, está sintonizada com o aflorar dos processos de Qualidade de Vida do profissional da enfermagem, conforme anteriormente ressaltamos, assim como, com o conseqüente desenvolvimento das organizações de Saúde frente aos desafios dos cenários atuais e futuros.
Em síntese, os autores consideram de fundamental importância o papel social do enfermeiro rumo ao século XXI, onde certamente estarão presentes as competências: técnicas, administrativas e interpessoais, como indicadores da eficiência e eficácia profissional, visando a excelência no contexto de enfermagem.

sábado, 13 de setembro de 2008

Os Hospitais Psiquiátricos
















A pesquisa em Hospitais Psiquiátricos é melhor entendida quando se contextualiza a doença mental ao longo da História.
A compreensão da doença mental tem passado por diversas fases dentro da história da humanidade. Na antigüidade pré-clássica, as doenças eram explicadas como resultantes da ação sobrenatural; a partir de 600 a.C., os filósofos gregos trouxeram a idéia organicista da loucura e até o começo da Idade Média o tratamento dispensado era de apoio e conforto aos doentes mentais.
No final da Idade Média até a Idade Moderna houve uma mudança radical desses conceitos e o doente mental passou a ser visto como um possuído pelo demônio, dessa forma o tratamento antes humanitário foi mudado para espancamentos, privação de alimentos, tortura generalizada e indiscriminada, aprisionamento dos doentes para que estes se livrassem dessa possessão.
No século XVII já existiam hospitais para os excluídos socialmente, grupo constituído pelos doentes mentais, criminosos, mendigos, inválidos, portadores de doenças venéreas e libertinos. Embora a loucura tivesse passado do campo mitológico para o âmbito médico, ainda a medicina não tinha elementos para defini-la.
Surgiu, no século XVIII, Phillippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, que teve o mérito de libertar os doentes mentais das correntes. Os asilos foram substituídos, então, pelos manicômios, estes somente destinados aos doentes mentais. Desenvolveram-se com isso várias experiências e formas de tratamento nos hospitais La Bicêtre e Salpêtrière que difundiram-se da França para o resto da Europa.
O tratamento no manicômio, de acordo com Pinel deveria ser de reeducação do alienado, implicando respeito às normas e desencorajamento das condutas inconvenientes. “A função disciplinadora do manicômio e do médico deve ser exercida como um perfeito equilíbrio entre firmeza e gentileza. Mais ainda, a permanência demorada do médico em contato com os doentes melhora seu conhecimento sobre os sintomas e sobre a evolução da loucura”, afirmava Pinel.
Porém com o passar do tempo houve uma leitura modificada do tratamento moral de Pinel, sem os cuidados originais do método. As idéias corretivas para o comportamento dos hábitos dos doentes passaram a ser recursos de imposição da ordem e da disciplina institucional, recursos estes que visavam naquele momento ao bem da instituição. Tudo era justificado para submeter o doente mental.
No início do século XIX o tratamento do doente era uma releitura distorcida do tratamento moral de Pinel e utilizava medidas físicas e higiênicas como duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias. Aos poucos, o que era considerado como uma doença moral passou também a ter uma concepção orgânica, de acordo com o pensamento de vários discípulos de Pinel. As técnicas de tratamento usadas pelos que defendiam as teorias organicistas eram as mesmas empregadas pelos adeptos do tratamento moral, todas com explicações e justificativas fisiológicas para sua utilização. A partir daí prevalecem as teorias organicistas da doença mental decorrentes de descobertas experimentais da neurofisiologia e da anatomia patológica. Mesmo assim, entrando no século XX a idéia de submissão do louco persistia.
Os hospitais psiquiátricos no Brasil surgiram no final do século XIX, profundamente influenciados pela psiquiatria francesa e pelo tratamento moral. O primeiro foi o Asilo Pedro II, no Rio de Janeiro fundado em 1853. O Hospício São Pedro de Porto Alegre, hoje Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP), foi inaugurado em 1884.

Distúrbios do Sono























Quando a capacidade de dormir é alterada ou o sono se intromete nas atividades diárias normais de uma pessoa, as causas devem ser investigadas
Com mais de 70 possíveis distúrbios do sono já conhecidos, a Medicina do Sono utiliza-se de várias estratégias e princípios organizados para diagnosticá-los tratá-los corretamente
Em 1990, foi publicado a Internacional Classification of Sleep Disorders (ICSD), uma classificação dos distúrbios do sono. Segundo esta classificação, os distúrbios podem ser classificados em:
Dissonias – condições primariamente psicogenéticas nas quais a perturbação predominante é na quantidade, qualidade ou regulação do sono, decorrentes de causas emocionais, isto é , insônia, hipersonia e transtorno do ciclo vigília.
Parassonias – eventos episódicos anormais que ocorrem durante o sono. Na infância estão relacionados principalmente ao desenvolvimento da criança, enquanto que no adulto eles são predominantemente psicogenéticos, isto é, sonambulismo, terrores noturnos e pesadelos.
O sono é fundamental. Ele tem a função de estabelecer o equilíbrio emocional e físico. As pessoas passam a dormir menos com a idade, especialmente a partir dos 60 anos, e isto é um aspecto perfeitamente normal. No entanto, o que intriga os pesquisadores é verificar que as mulheres têm mais insônia do que os homens (o ciclo menstrual e o conseqüente aumento da sensibilidade feminina nesse período podem provocar diminuição do sono).
Muitas vezes a troca de horário de sono é confundida com insônia.
Também não se pode esquecer que há pessoas que têm o ritmo mais diurno ou mais noturno, sem que isto signifique um grave problema.
Considerando-se o equilíbrio delicado que reina entre o ritmo do ambiente e o ritmo do nosso organismo, qualquer mudança abrupta pode provocar um distúrbio. Tanto pode ocorrer uma indisposição generalizada, fadiga, desconforto psíquico, irritabilidade, como alteração do sono.
O que se deve ter em mente é que, como a insônia não é uma doença e sim a manifestação de outras doenças, o paciente que sofre de insônia deve receber tratamento considerando a doença originária.
Pode se falar em “insônia corriqueira”, que dura poucos dias e geralmente tem um fator deflagrante bem definido, como exemplo, um problema doméstico.
A insônia crônica, por sua vez, dura mais do que três ou quatro semanas.
Pelo menos 90% dos pacientes com depressão sofrem algum tipo de distúrbio do sono. A insônia também pode ser causada por quadros de esquizofrenia, transtornos afetivos, transtornos ansiosos, por abuso de drogas, como a cocaína e as bebidas alcoólicas.
O próprio tratamento com medicamentos antidepressivos pode produzir alterações do sono. A insônia ocupa, sem dúvida, lugar de destaque entre os desconfortos que afetam o paciente, resultando em seu desgaste físico e psíquico.
Na assistência de enfermagem, os profissionais devem inicialmente conhecer os hábitos de sono do paciente.
- Proporcionar e estimular atividades evitando, assim, que o paciente durma durante o dia e permaneça desperto à noite.
- Diminuir os estímulos do meio ambiente, por exemplo: evitar conversar em tom de voz alta, limitar consumo de chá preto, café, guaraná em pó e refrigerantes, sobretudo à noite.
- Tentar fazer do quarto do paciente um ambiente confortável, sem iluminação excessiva e com temperatura agradável.
- Oferecer ao paciente um copo de leite ou uma fruta pode ajudar, sobretudo porque a atividade nervosa desvia a atenção para a digestão, facilitando assim o ato de adormecer.
- O banho morno também contribui para o relaxamento e ajuda a adormecer.
- Quando se tratar de alcoólatras, considerarem sua queixa de insônia, pois o álcool provoca insônia em estados avançados da doença.
- Procurar levar em consideração a privacidade do paciente, por exemplo: há pacientes que, quando em casa, acostumados a dormir em quartos sozinhos, se sentem deslocados e mal acomodados em enfermarias. Tem medo de sofrer agressão, ansiedade; nestes casos, procurar acomodá-los quando possível em leito individual.
Deve-se considerar que os remédios para insônia ajudam a induzir o sono, mas também causam dependências e tolerância; portanto, devem ser prescritas criteriosamente e após terem sido esgotadas as tentativas anteriores.




A "Cara" da Depressão


sexta-feira, 12 de setembro de 2008


SAÚDE MENTAL e Principais Doenças




Saúde Mental é a adaptação bem sucedida aos estressores provinientes do ambiente interno ou externo, evidenciada por pensamentos, sentimentos e comportamentos que são adequados á idade e congruentes com as normas culturais.



DEPRESSÃO (Transtorno depressivo)


A tristeza é dos sentimentos humanos o mais doloroso. Todos nós tomamos contacto com ela em algum momento de nossas vidas. A tristeza passageira, a "fossa" ou "baixo-astral", o "estar down" fazem parte da vida, e são superados após algum tempo. O luto, após a perda de um ente querido, manifesta-se por um sentimento de tristeza e vazio e também é superado com o correr do tempo. Devem-se distinguir a tristeza e o luto normais da depressão.
A depressão é uma doença, como outra doença qualquer, que se caracteriza por uma tristeza profunda e duradoura, além de outros sintomas e que dispõe hoje de tratamentos modernos para alívio do sofrimento que acarreta. A depressão é uma doença bastante comum. A cada ano, uma em cada vinte pessoas apresenta depressão. As chances de alguém ter uma depressão ao longo da vida são de cerca de 15%. Ela se manifesta mais freqüentemente no adulto, embora possa ocorrer em qualquer faixa de idade, da criança ao idoso. É mais freqüente nas mulheres do que nos homens.
É muito importante que as pessoas saibam perceber a depressão para poder procurar ajuda especializada e tratamento. A pessoa sente uma tristeza intensa, que não consegue vencer. Ela pode achar que isso é uma "fraqueza de caráter" e tem vergonha de pedir ajuda, ou então não sabe que se trata de uma doença como outra qualquer, passível de tratamento com grandes chances de sucesso. Nessa situação é muito importante que os familiares ou amigos próximos tomem a decisão de levá-la ao médico, seja o clínico ou médico da família, seja o psiquiatra. Este fará uma avaliação minuciosa do quadro, orientando na realização de eventuais exames laboratoriais, bem como no tratamento.
Os principais sintomas da depressão são: tristeza profunda e duradoura (em geral mais que duas semanas), perda do interesse ou prazer em atividades que antes eram apreciadas, sensação de vazio, falta de energia, apatia, desânimo, falta de vontade para realizar tarefas, perda da esperança, pensamentos negativos, pessimistas, de culpa ou auto-desvalorização. Além desses, a pessoa pode ter dificuldade para concentrar-se, não dorme bem, tem perda do apetite, ansiedade e queixas físicas vagas (desconforto gástrico, dor de cabeça, entre outras). Em casos mais graves podem ocorrer idéias de morte e suicídio, havendo até pessoas que tentam o suicídio. A depressão é freqüentemente uma doença recorrente, a pessoa tem episódios de depressão que se repetem de tempos em tempos.
A causa da depressão não é conhecida. Sabe-se que vários fatores biológicos e psicológicos podem contribuir para seu aparecimento. Em algumas pessoas a hereditariedade tem um peso importante, outros parentes também apresentam depressão. Com muita freqüência a depressão começa após alguma situação de estresse ou conflito e depois persiste, mesmo após a superação da dificuldade. As pesquisas mostram que na depressão há um desequilíbrio químico no cérebro, com alterações de neurotransmissores (substâncias que fazem a comunicação entre as células nervosas) principalmente da noradrenalina e da serotonina. A descoberta destas alterações permitiu o desenvolvimento de medicamentos específicos para o tratamento da depressão: os medicamentos antidepressivos.
O tratamento da depressão se faz atualmente com a combinação dos medicamento antidepressivo com a psicoterapia. Esses medicamentos permitem uma recuperação gradual da depressão (em geral em algumas semanas) além de proteger a pessoa de novas crises depressivas. Por isto muitas pessoas precisam tomá-los por longos períodos de tempo, as vezes por toda a vida. Como os medicamentos demoram algum tempo para agir, é importante não desanimar; nesse período o apoio e a compreensão dos familiares é fundamental.
A abordagem psicoterápica concomitante ao uso de medicamentos permite que o tratamento de depressão seja mais efetivo. A razão para a utilização das duas formas de tratamento está na sua complementaridade A depressão, qualquer que seja sua origem, acarreta na pessoa deprimida uma serie de alterações em suas relações com as pessoas que a cercam, em suas atividades e fundamentalmente, na forma de expressão afetiva que possui. A dinâmica de suas emoções encontra-se prejudicada. É nesses aspectos que a psicoterapia pode auxiliá-lo. Leva a pessoa a reflexões sobre seu funcionamento dinâmico de suas emoções, possibilitando assim a reconstituição de seu modo de ser, que se encontra circunstancialmente alterado.



ESQUIZOFRENIA


A esquizofrenia é uma doença mental crônica que se manifesta na adolescência ou início da idade adulta. Sua freqüência na população em geral é da ordem de 1 para cada 100 pessoas, havendo cerca de 40 casos novos para cada 100.000 habitantes por ano. No Brasil estima-se que há cerca de 1,6 milhão de esquizofrênicos; a cada ano cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela primeira vez. Ela atinge em igual proporção homens e mulheres, em geral inicia-se mais cedo no homem, por volta dos 20-25 anos de idade, e na mulher, por volta dos 25-30 anos.


Quais os sintomas?


A esquizofrenia apresenta várias manifestações, afetando diversas áreas do funcionamento psíquico. Os principais sintomas são:
1. delírios: são idéias falsas, das quais o paciente tem convicção absoluta. Por exemplo, ele se acha perseguido ou observado por câmeras escondidas, acredita que os vizinhos ou as pessoas que passam na rua querem lhe fazer mal.
2. alucinações: são percepções falsas dos órgãos dos sentidos. As alucinações mais comuns na esquizofrenia são as auditivas, em forma de vozes. O paciente ouve vozes que falam sobre ele, ou que acompanham suas atividades com comentários. Muitas vezes essas vozes dão ordens de como agir em determinada circunstancia. Outras formas de alucinação, como visuais, táteis ou olfativas podem ocorrer também na esquizofrenia.
3. alterações do pensamento: as idéias podem se tornar confusas, desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do paciente difícil de compreender. Muitas vezes o paciente tem a convicção de que seus pensamentos podem ser lidos por outras pessoas, ou que pensamentos são roubados de sua mente ou inseridos nela.
4. alterações da afetividade: muitos pacientes tem uma perda da capacidade de reagir emocionalmente às circunstancias, ficando indiferente e sem expressão afetiva. Outras vezes o paciente apresenta reações afetivas que são incongruentes, inadequadas em relação ao contexto em que se encontra. Torna-se pueril e se comporta de modo excêntrico ou indiferente ao ambiente que o cerca.
5. diminuição da motivação: o paciente perde a vontade, fica desanimado e apático, não sendo mais capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia. Quase não conversa, fica isolado e retraído socialmente.
Outros sintomas, como dificuldade de concentração, alterações da motricidade, desconfiança excessiva, indiferença, podem aparecer na esquizofrenia. Dependendo da maneira como os sintomas se agrupam, é possível caracterizar os diferentes subtipos da doença. A esquizofrenia evolui geralmente em episódios agudos onde aparecem os vários sintomas acima descritos, principalmente delírios e alucinações, intercalados por períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos.


Qual é a causa da esquizofrenia?


Não se sabe quais são as causas da esquizofrenia. A hereditariedade tem uma importância relativa, sabe-se que parentes de primeiro grau de um esquizofrênico tem chance maior de desenvolver a doença do que as pessoas em geral. Por outro lado, não se sabe o modo de transmissão genética da esquizofrenia. Fatores ambientais (p. ex., complicações da gravidez e do parto, infecções, entre outros) que possam alterar o desenvolvimento do sistema nervoso no período de gestação parecem ter importância na doença. Estudos feitos com métodos modernos de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética mostram que alguns pacientes tem pequenas alterações cerebrais, com diminuição discreta do tamanho de algumas áreas do cérebro. Alterações bioquímicas dos neurotransmissores cerebrais, particularmente da dopamina, parecem estar implicados na doença.


Como se diagnostica a esquizofrenia?


O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a partir das manifestações da doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório (exame de sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc.) que permita confirmar o diagnóstico da doença. Muitas vezes o clínico solicita exames, mas estes servem apenas para excluir outras doenças que podem apresentar manifestações semelhantes à esquizofrenia.


Como se trata a esquizofrenia?


O tratamento da esquizofrenia visa ao controle dos sintomas e a reintegração do paciente. O tratamento da esquizofrenia requer duas abordagens: medicamentosa e psicossocial. O tratamento medicamentoso é feito com remédios chamados antipsicóticos ou neurolépticos. Eles são utilizados na fase aguda da doença para aliviar os sintomas psicóticos, e também nos períodos entre as crises, para prevenir novas recaídas. A maioria dos pacientes precisa utilizar a medicação ininterruptamente para não ter novas crises. Assim o paciente deve submeter-se a avaliações médicas periódicas; o médico procura manter a medicação na menor dose possível para evitar recaídas e evitar eventuais efeitos colaterais. As abordagens psicossociais são necessárias para promover a reintegração do paciente à família e à sociedade. Devido ao fato de que alguns sintomas (principalmente apatia, desinteresse, isolamento social e outros) podem persistir mesmo após as crises, é necessário um planejamento individualizado de reabilitação do paciente. Os pacientes necessitam em geral de psicoterapia, terapia ocupacional, e outros procedimentos que visem ajudá-lo a lidar com mais facilidade com as dificuldades do dia a dia.


Como os familiares podem colaborar com o paciente?


Os familiares são aliados importantíssimos no tratamento e na reintegração do paciente. é importante que estejam orientados quanto à doença esquizofrenia para que possam compreender os sintomas e as atitudes do paciente, evitando interpretações errôneas. As atitudes inadequadas dos familiares podem muitas vezes colaborar para a piora clínica do mesmo. O impacto inicial da noticia de que alguém da família tem esquizofrenia é bastante doloroso. Como a esquizofrenia é uma doença pouco conhecida e sujeita a muita desinformação as pessoas se sentem perplexas e confusas. Freqüentemente, diante das atitudes excêntricas dos pacientes, os familiares reagem também com atitudes inadequadas, perpetuando um circulo vicioso difícil de ser rompido. Atitudes hostis, criticas e superproteção prejudicam o paciente, apoio e compreensão são necessários para que ele possa ter uma vida independente e conviva satisfatoriamente com a doença.



TRANSTORNO DE PÂNICO


Na mitologia grega, Pã é um deus dos pastores e rebanhos, representado como divindade semi-humana: o rosto barbudo e enrugado, queixo saliente, expressão animalesca, a testa é ornada por dois cornos; o corpo é peludo e os membros inferiores são de bode, as patas são magras e nervosas. É dotado de muita agilidade, rápido na corrida, sabe dissimular-se nas moitas, onde se esconde para espiar as Ninfas e assustá-las. Diz-se também que surgia repentinamente na Ágora ateniense, durante as assembléias, para aterrorizar as pessoas e tumultuar as discussões. A palavra pânico deriva de Pã e representa um medo infundado, susto ou pavor repentino.


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO ATUAL


O transtorno do pânico (também chamado de ansiedade paroxística episódica) é caracterizado pelos ataques recorrentes de ansiedade intensa em circunstancias imprevisíveis. Alem da ansiedade intensa (pânico) a pessoa tem a sensação de morte iminente, de perda do controle de si própria ou de ficar "louco". Essa ansiedade é acompanhada de vários sintomas somáticos: palpitações, dor no peito, tontura, falta de ar, vertigens, sudorese excessiva, sensação de estar "aéreo", sensação de desmaio, formigamentos no corpo, ondas de calor e frio, náuseas, e outros. Em geral duram alguns minutos, raramente mais que uma hora. Como os ataques de pânico são imprevisíveis a pessoa desenvolve o medo de ter novos ataques, passando a tomar medidas "preventivas" para evitar lugares ou situações que supõe, podem desencadear novas crises. Desenvolve fobias que são denominadas de agorafobia; passa muitas vezes a ter uma vida restrita, sendo incapaz de ficar sozinha ou de ir a lugares públicos. Muitas vezes tem uma ansiedade persistente, antecipatória.
O TP atinge cerca de 1 a 2 % da população, em geral inicia-se na adolescência ou no adulto jovem, sendo mais freqüente nas mulheres. É freqüente a ocorrência de prolapso da válvula mitral em pacientes com transtorno de pânico. Algumas doenças físicas, como hipertireoidismo e feocromocitoma, podem se manifestar com ataques de pânico. Pacientes com TP podem desenvolver secundariamente quadros depressivos ou mesmo de dependência de drogas ou álcool.
Suas causas são desconhecidas. Há fatores predisponentes e fatores desencadeantes da doença. A hereditariedade parece ter um peso, na medida que parentes de portadores de TP tem maior chance de apresentar a doença. Alguns fatores psicológicos ligados à; primeira infância, especialmente vivências de ansiedade de separação parecem tornar os indivíduos vulneráveis. Em indivíduos predispostos é possível desencadear ataques de pânico por meio de medicações (isoproterol, lactato) demonstrando que eles são vulneráveis à doença. Por outro lado, medicamentos que agem sobre a serotonina (neurotransmissor do sistema nervoso) podem bloquear os ataques de pânico.
O TP pode ser desencadeado por fatores emocionais que levem a estresse, por drogas (maconha, cocaína etc.) e por doenças físicas. Na maioria das vezes o TP se torna autônomo, passando a ocorrer independentemente de fatores externos.
Muitos dos indivíduos que desenvolvem TP apresentam ansiedade, insegurança, tensão, dificuldade para relaxar, preocupação excessiva, mesmo antes de ter as crises. Essas características de personalidade parecem torná-los mais vulneráveis à doença.
Muitos indivíduos desenvolvem agorafobia bastante limitante mesmo tendo tido apenas um ataque de pânico. Outros continuam agorafóbicos mesmo após terem as crises controladas com a medicação. Fica claro que fatores psicológicos influem bastante no modo como essas pessoas lidam com suas situações de ansiedade.


ABORDAGEM TERAPEUTICA


O TP é uma doença onde fica clara a necessidade da integração entre as abordagens farmacológica e psicoterápica no tratamento do paciente. Os ataques de pânico podem ser controlados com medicamentos antidepressivos em baixas doses. Já os sintomas fóbicos raramente melhoram espontaneamente, mesmo após o controle das crises, requerendo uma abordagem psicoterápica.
Os medicamentos antidepressivos, particularmente aqueles com ação predominante no sistema serotoninérgico (alguns tricíclicos, como a clomipramina, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, como p. ex. a fluoxetina, a paroxetina e os inibidores da monoamino-oxidase), e os benzodiazepínicos (especialmente o alprazolam) propiciam melhora rápida dos ataques de pânico, havendo supressão dos mesmos em algumas semanas na maioria dos pacientes.
A evitação fóbica requer abordagem psicoterápica, para que o paciente se sinta seguro para retornar a suas atividades cotidianas, sem as limitações impostas pelo medo de ter novas crises. Aspectos relacionados a psicodinâmica da personalidade serão aprofundados visando explorar situações de conflito que possam ser desencadeadoras das crises. A experiência assustadora de perda de controle sobre as próprias emoções parece ser central nessas pessoas.
Muitos dos portadores de TP se descrevem como pessoas medrosas, nervosas e tímidas na infância, passaram por experiências de desconforto em relação a sentimentos agressivos, lidando mal com tais sentimentos e referem que seus pais eram assustadores, críticos e controladores. Tendo uma personalidade fragil, freqüentemente tomada por vivências de vazio e desamparo, necessitam de um outro para suprir tais funções. É tarefa do psicoterapeuta auxiliar a pessoa a construir referencias internas que possam promover melhor integração das vivências, preenchendo o espaço vazio que tanto a angustia.



DEPRESSÃO NO IDOSO


Não faz muito tempo. Dizia que o Brasil era um "país jovem", boa parte de sua população tinha menos de 30 anos de idade. No entanto, uma rápida mudança vem ocorrendo nos últimos anos, tanto no Brasil, como no mundo em geral. O numero de idosos (pessoas acima de 65 anos de idade, a chamada terceira idade) vem crescendo rapidamente na população. No Brasil havia cerca de 10 milhões em 1990; esse numero deve chegar a 15 milhões no ano 2000 e 34 milhões em 2025.
Entre as principais doenças mentais que atingem os idosos está a depressão. É uma doença freqüente em todas as fases da vida, estimando-se que cerca de 15% dos idosos apresentem alguns sintomas depressivos e cerca de 2% tenham depressão grave. Esses números são ainda maiores entre os idosos internados em asilos ou hospitais.
Depressão não é apenas uma tristeza passageira, diante de um fato adverso da vida. A pessoa apresenta uma tristeza profunda e duradoura, acompanhada de desânimo, apatia, desinteresse, impossibilidade de desfrutar dos prazeres da vida. Não se interessa pelas atividades diárias, não dorme bem, não tem apetite, muitas vezes tem queixas vagas como fadiga, dores nas costas ou na cabeça. Aparecem pensamentos "ruins", como idéias de culpa, inutilidade, desesperança; nos casos mais graves podem ocorrer idéias de suicídio.
As causas da depressão são desconhecidas. Acredita-se que vários fatores - biológicos, psicológicos e sociais - atuando concomitantemente levem à doença. Fatores biológicos, como a presença de depressão em outros membros da família podem ser considerados predisponentes, enquanto fatores psicológicos e sociais, por exemplo, perda de um ente querido, perda de suporte social, podem desencadear um episódio de depressão. Sabe-se que na depressão há alterações no equilíbrio dos sistemas químicos do cérebro, principalmente nos neurotransmissores noradrenalina e serotonina.
O reconhecimento da depressão no idoso muitas vezes é difícil. Preconceitos em relação à velhice e às doenças mentais dificultam o acesso dos pacientes a um tratamento adequado. Existe a idéia bastante arraigada de que a depressão é um fato "normal" na velhice. Não é! O idoso não precisa ser necessariamente triste. Quando alguém fica desanimado e triste por algumas semanas é preciso levá-lo a um psiquiatra, para uma avaliação especializada, pois pode estar sofrendo de depressão. Muitas pessoas ainda ficam constrangidas de procurar o psiquiatra, diante da idéia de terem uma doença mental. Por causa desses preconceitos, estima-se que cerca de metade dos pacientes deprimidos fiquem sem diagnóstico e tratamento adequados.
A depressão é uma doença como outra qualquer, cujo tratamento tem sofrido avanços significativos nos últimos anos. Medicamentos antidepressivos, que atuam nos neurotransmissores permitem uma recuperação do equilíbrio químico do cérebro, com a melhora dos sintomas da depressão. Essa recuperação demora algumas semanas, durante as quais o apoio dos familiares é também fundamental. O acompanhamento psicoterápico permite uma complementação do tratamento medicamentoso, propiciando a recuperação da qualidade de vida do idoso.



FOBIAS (transtornos fobico-ansiosos)


O medo é um sentimento comum a todas as espécies animais e serve para proteger o indivíduo do perigo. Todos nós temos medo em algumas situações nas quais o perigo é iminente.
A fobia pode ser definida como um medo irracional, diante de uma situação ou objeto que não apresenta qualquer perigo para a pessoa. Com isto, essa situação ou esse objeto são evitados a todo custo. Essa evitação fóbica leva muito freqüentemente a limitações importantes na vida cotidiana da pessoa. As fobias são acompanhadas de ansiedade importante e também freqüentemente de depressão.
Os transtornos fóbico-ansiosos, constituem um grupo de doenças mentais onde a ansiedade é; ligada predominantemente a uma situação ou objeto. Há três tipos principais de fobia:
Agorafobia: inclui medo de espaços abertos, da presença de multidões, da dificuldade de escapar rapidamente para um local seguro (em geral a própria casa). A pessoa pode ter medo de sair de casa, de entrar em uma loja ou shopping, de lugares onde há; multidões, de viajar sozinho. Muitas pessoas referem um medo aterrorizante de se sentirem mal e serem abandonadas sem socorro em público. Muitas pessoas com agorafobia apresentam também o transtorno de pânico.
Fobia sociail: neste caso a pessoa tem medo de se expor a outras pessoas que se encontram em grupos pequenos. Isto pode acontecer em reuniões, festas, restaurantes e outros locais. Muitas vezes elas são restritas a uma situação, como por exemplo, comer ou falar em publico, assinar um cheque na presença de outras pessoas ou encontrar-se com alguém do sexo oposto. Muitas pessoas apresentam também baixa auto-estima e medo de criticas. Usualmente a pessoa nessas situações apresenta rubor na face, tremores, náuseas. Em casos extremos pode isolar-se completamente do convívio social.
Fobias especificas (ou isoladas): como o próprio nome diz, são fobias restritas a uma situação ou objeto altamente específicos, tais como, animais inofensivos (zoofobia), altura (acrofobia), trovões e relâmpagos (astrofobia), voar, espaços fechados (claustrofobia), doenças (nosofobia), dentista, sangue, entre outros. A incapacitação da pessoa no dia a dia depende do tipo de fobia e de quão fácil é evitar a situação fóbica.
As fobias atingem cerca de 10% da população. Em geral surgem na infância ou adolescência, persistindo na idade adulta se não são tratadas adequadamente. Acometem mais freqüentemente pessoas do sexo feminino (com exceção da fobia social, que atinge igualmente homens e mulheres). Depressão, uso de drogas e álcool podem ocorrer freqüentemente associados aos transtornos fobico-ansiosos.
O tratamento das fobias se faz com a associação de medicamentos com psicoterapia. Os medicamentos mais utilizados pertencem ao grupo dos antidepressivos; os ansiolíticos também são freqüentemente indicados. A psicoterapia auxilia na compreensão de fatores que podem agravar ou perpetuar os sintomas fóbicos.



ALCOOLISMO


O uso de bebidas alcoólicas é tão antigo quanto a própria Humanidade. Beber moderada e esporadicamente faz parte dos hábitos de diversas sociedades. Determinar o limite entre o beber social, o uso abusivo ou nocivo de álcool e o alcoolismo (síndrome de dependência do álcool) é por vezes difícil, pois esses limites são tênues, variam de pessoa para pessoa e de cultura para cultura.
Estima-se que cerca de 10% das mulheres e 20% dos homens façam uso abusivo do álcool; 5% das mulheres e 10% dos homens apresentam a síndrome de dependência do álcool ou alcoolismo. Sabe-se também que o álcool está relacionado a 50% dos casos de morte em acidentes automobilísticos, 50% dos homicídios e 25% dos suicídios. Freqüentemente pessoas portadoras de outras doenças mentais (p. ex., ansiedade, pânico, fobias, depressão) apresentam também problemas relacionados ao uso de álcool.
Para compreender melhor os problemas relacionados ao alcoolismo é importante saber de algumas definições:
Intoxicação aguda: é a condição que ocorre após a ingestão de bebidas alcoólicas. É conhecida com os mais variados nomes: embriaguez, bebedeira e outros tantos. O grau de intoxicação depende do tipo e da quantidade de bebida ingerida, da condição física da pessoa, da rapidez da ingestão, se a pessoa está ou não em jejum. As alterações do comportamento observadas na pessoa alcoolizada se relacionam ao nível de álcool no sangue (este é medido com aparelhos como p. ex. o "bafômetro").
Uso nocivo ou abusivo: Caracteriza-se por uma ingestão de bebida alcoólica que causa algum tipo de prejuízo para a pessoa. Pode ser físico, mental, familiar, profissional ou social.
Síndrome de dependência: Nesta situação a bebida alcoólica se torna uma prioridade para o individuo, em detrimento de outras atividades cotidianas. Caracteriza-se por um desejo descontrolado, irresistível de consumir bebidas alcoólicas. A pessoa também perde o controle do consumo, bebendo quantidades exageradas e freqüentemente. Se o consumo diminuir ou interromper subitamente aparecem sintomas físicos e psíquicos de abstinência, ou seja, da falta do álcool. A síndrome de abstinência caracteriza-se por tremores, sudorese, aumento da pulsação, náuseas, insônia, agitação, ansiedade; em casos mais graves podem ocorrer convulsões e o delirium tremens (além dos sintomas descritos, a pessoa fica confusa, começa a ter alucinações, em geral 'visões' de bichos nas paredes ou andando pelo corpo). Com o consumo continuo do álcool desenvolve-se a tolerância, caracterizada pela necessidade de consumir doses crescentes de bebida alcoólica para obtenção de efeitos que originalmente eram obtidos com doses mais baixas. Há um abandono progressivo de interesses, atividades ou prazeres, ficando a vida cada vez mais concentrada na bebida. A maior parte do tempo da pessoa é ocupada com a busca, o consumo da bebida ou a recuperação de seus efeitos. A pessoa continua bebendo apesar das evidencias claras dos prejuízos físicos, psicológicos, familiares e sociais que vem sofrendo.

Detecção


Alguns questionários práticos foram desenvolvidos para ajudar a levantar a suspeita de problemas com o álcool. O mais simples deles é conhecido como CAGE (sigla em inglês, que se refere a palavras das perguntas que são formuladas) e foi desenvolvido por Mayfield e colaboradores (Mayfield, D.; McLeod, G.; and Hall, P. The CAGE questionnaire: Validation of a new alcoholism instrument. American Journal of Psychiatry 131:1121-1123, 1974). Consiste de quatro perguntas:
Você já tentou diminuir ou cortar ("Cut down") a bebida?
Você já ficou incomodado ou irritado ("Annoyed") com outros porque criticaram seu jeito de beber?
Você já se sentiu culpado ("Guilty") por causa do seu jeito de beber?
Você já teve que beber para aliviar os nervos ou reduzir os efeitos de uma ressaca ("Eye-opener")?
Se pelo menos uma resposta a essas perguntas for afirmativa ("sim") há suspeita de problemas com o álcool. Duas ou mais respostas afirmativas é indicativo de problemas com o álcool.
Outro questionário é conhecido como Brief-MAST (Teste de Detecção de Alcoolismo de Michigan, versão breve) desenvolvido por Pokorny e colaboradores (Pokorny AD; Miller BA; Kaplan HB. The Brief MAST: A shortened version of the Michigan Alcoholism Screening Test. American Journal of Psychiatry 129(3): 342-345, 1972). Consiste de 10 perguntas, com respostas "sim" ou "não", que recebem pontuação:
Você se considera uma pessoa que bebe de modo normal? (Sim=0, Não=2)
Seus amigos ou parentes acham que você bebe de modo normal? (Sim=0, Não=2)
Você já foi a algum encontro dos Alcoólicos Anônimos (AA)? (Sim=5, Não=0)
Você já perdeu amigos/amigas ou namorado/namorada por causa da bebida? (Sim=2, Não=0)
Você já teve problemas no trabalho/emprego por causa da bebida? (Sim=2, Não=0)
Você já abandonou suas obrigações, sua família ou seu trabalho por 2 ou mais dias em seguida por causa da bebida? (Sim=2, Não=0)
Você já teve delirium tremens, tremores, ouviu vozes, viu coisas que não estavam lá depois de beber muito? (Sim=2, Não=0)
Você já procurou algum tipo de ajuda por causa da bebida? (Sim=5, Não=0)
Você já foi hospitalizado por causa da bebida? (Sim=5, Não=0)
Você já esteve preso ou foi multado por dirigir embriagado? (Sim=2, Não=0)
Se a soma dos pontos for menor ou igual a 3 não há problema com bebidas alcoólicas, se for 4 é sugestiva de alcoolismo e se for igual ou maior que 5 indica alcoolismo.
Conseqüências físicas do alcoolismo
O uso excessivo de bebidas alcoólicas pode afetar praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo. O aparelho gastrintestinal é particularmente atingido. Podem ocorrer gastrites, ulceras, inflamação do esôfago, pancreatite; as lesões no fígado podem levar à cirrose. Outros aparelhos atingidos são o cardiocirculatorio (podendo ocorrer pressão alta, infarto do miocárdio), o sistema nervoso (epilepsia, lesões em nervos periféricos) e o geniturinário (impotência). Podem ocorrer também doenças devido a deficiências de vitaminas e alterações no sangue. O uso de álcool por mulheres grávidas pode levar a malformações no feto com retardo mental, malformações no coração, membros, crânio e face (síndrome fetal do álcool).

Conseqüências psíquicas do alcoolismo


A embriaguez ou intoxicação aguda pelo álcool é bem conhecida. A pessoa pode ficar agitada, falante, eufórica, com incoordenação motora, rubor facial. Por vezes o quadro de embriaguez é acompanhado de um esquecimento dos fatos ocorridos durante a embriaguez ("blackout"). Algumas pessoas ficam embriagadas com doses muito pequenas de bebidas alcoólicas - este quadro é denominado intoxicação patológica ou idiossincrática.
Na síndrome de dependência ocorre o uso exagerado, continuo de álcool por muito tempo. Há um desejo intenso de beber e necessidade de beber quantidades cada vez maiores para obter o mesmo efeito (tolerância). As atividades da pessoa giram em torno da obtenção de bebidas, ocorrem prejuízos nas demais atividades, como falta ao trabalho, queda do rendimento no trabalho e convívio familiar.
Outra característica da síndrome de dependência é a síndrome de abstinência. Ocorre em geral com a interrupção ou redução abrupta da quantidade de bebida ingerida. A síndrome de abstinência caracteriza-se por tremores, sudorese, aumento da pulsação, insônia, náusea ou vomito, ansiedade e agitação. Quando se torna mais grave surgem ainda as alucinações, em geral na forma de "visões" de animais ou fios na parede ou no ar ou da sensação de formigamento ou de bichos andando pelo corpo da pessoa. Este quadro é chamado de delirium tremens e é ainda acompanhado de febre, convulsões e confusão mental (a pessoa não consegue conversar direito, confunde objetos e pessoas, não sabe informar sobre datas ou local onde se encontra). O delirium tremens é um quadro grave e necessita de tratamento hospitalar.
Com freqüência, após um delirium tremens, a pessoa desenvolve um quadro caracterizado por esquecimento de fatos que ocorreram recentemente. É denominado amnésia induzida pelo álcool ou síndrome de Korsakoff.

Tratamento


O tratamento do alcoolismo é bastante complexo e depende do tipo de quadro que o paciente apresenta. Em termos genéricos, o primeiro passo é evidentemente a conscientização do problema e a interrupção total do uso de bebidas alcoólicas (abstinência). A chamada "desintoxicação" pode ser feita em casa ou, em casos mais graves, em hospital, mas sempre sob cuidado médico. Nesse período é feita também a avaliação e o tratamento dos danos físicos e mentais decorrentes do álcool.
Após a recuperação inicial, segue-se a manutenção da abstinência. A maioria dos trabalhos mostra que a abstinência deve ser total e completa. Uma "bebidinha" de vez em quando abre caminho novamente para a dependência na grande maioria dos casos. Assim é preciso muito esforço e muito apoio para que a pessoa fique distante das bebidas alcoólicas e de outros produtos que contem álcool.
Há alguns medicamentos que podem ajudar a manter a abstinência, os quais devem ser prescritos e seu uso acompanhado pelo médico. O mais conhecido deles é o dissulfiram. Este medicamento deve ser tomado diariamente; ele provoca uma reação extremamente desagradável se a pessoa que o está utilizando ingere mesmo pequenas quantidades de álcool. Com isto cria-se uma aversão ao uso do álcool. Outros medicamentos, entre eles o naltrexone, diminuem a vontade de beber e podem contribuir na recuperação.
A psicoterapia desempenha papel fundamental na recuperação. Procurar buscar com o paciente os motivos que o levam a beber e auxiliar na resolução dos conflitos permitem a construção de uma personalidade mais madura, capaz de lidar com as adversidades sem precisar se refugiar na bebida.
Os grupos de auto-ajuda (Alcoólicos Anônimos e outros) também são muito importantes na recuperação.



TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE NO ADULTO


O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é bem conhecido como uma doença típica da infância. A criança apresenta falta de persistência nas atividades que envolvem concentração, não completa as tarefas, tem atividade excessiva e desorganizada. Pode ser também impulsiva e imprudente, propensa a acidentes e freqüentemente apresenta problemas disciplinares por infração não premeditada de regras. Até há poucos anos acreditava-se que o TDAH melhorava ou desaparecia a medida que a criança tornava-se adulta. Sabe-se hoje, no entanto que esse transtorno persiste em cerca de 30% a 50% dos adultos que tiveram TDAH na infância. Em geral o transtorno é mais leve no adulto do que na criança, mas mesmo assim pode prejudicar bastante o cotidiano da pessoa.
A primeira condição para se fazer o diagnóstico de TDAH no adulto é constatar que a pessoa teve essa doença na infância. A doença não se inicia na idade adulta, trata-se da persistência da doença da criança no adulto.
Os sintomas principais do TDAH no adulto são:
Déficit de atenção: a pessoa distrai-se com facilidade, comete erros por distração no trabalho ou nas atividades que exigem concentração, é desorganizada, "avoada", esquece compromissos assumidos, perde seus objetos ou não lembra onde os deixou, não presta atenção quando alguém está falando consigo, "sonha acordado".
Hiperatividade motora: agitação ou inquietação constantes, a pessoa não consegue ficar muito tempo parado, está sempre "a todo vapor", se está sentado fica mexendo os dedos, os pés, não consegue assistir TV ou um filme sem se levantar. Há uma movimentação excessiva e desnecessária para o contexto.
Outros sintomas característicos são:
Labilidade afetiva: oscilações entre tristeza e euforia, "altos e baixos", mudanças bruscas de humor.
Temperamento explosivo: "pavio curto", brigas e discussões por motivos fúteis, perda de controle.
Hiperreatividade emocional: "fazer tempestade em copo d’agua", dificuldade de lidar com situações de pressão, de estresse, facilmente fica estressado.
Desorganização: mesas desarrumadas no trabalho, perda de documentos importantes, relatórios mal feitos,
Impulsividade: agir sem pensar, decisões são tomadas sem pensar, rompem ou iniciam relacionamentos/casamentos abruptamente, deixam empregos subitamente.
As manifestações acima descritas devem ter duração de pelo menos 6 meses e ser suficientemente graves para prejudicar a vida cotidiana, profissional ou familiar.
Além do comprometimento em diferentes áreas (social, profissional, familiar) muito frequentemente essas pessoas fazem também abuso de drogas (alcool, cocaina etc) e podem apresentar outros transtornos mentais concomitantemente (depressão, ansiedade).
O tratamento é feito principalmente com medicamentos (psicoestimulantes e antidepressivos) e psicoterapia.



TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO


O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) caracteriza-se por dois tipos de manifestações: as obsessões ou idéias obsessivas e as compulsões ou rituais compulsivos. As obsessões são idéias ou imagens que vem à mente da pessoa independente de sua vontade repetidamente. Embora a pessoa saiba que são idéias suas, sem sentido, não consegue evitar de pensá-las. São freqüentes idéias relacionadas a religião, sexo, duvidas, contaminação, agressão (por exemplo, a pessoa tem idéias repetidas de que suas mãos estão contaminadas por ter tocado em objetos "sujos"). As compulsões são atos ou rituais que o indivíduo se vê obrigado a executar para aliviar ou evitar as obsessões. Se a pessoa não executa o ato compulsivo ela fica muito ansiosa. Os rituais são repetidos numerosas vezes, apesar da sensação que a pessoa tem de que não fazem sentido. Compulsões freqüentes são lavar as mãos, verificar se a porta está trancada ou a válvula do gás está fechada, questionar uma informação repetidamente para ver se está correta, executar minuciosamente uma série pré-programada de atos para evitar que aconteça algum mal a alguém, contar ou falar silenciosamente. Tanto as obsessões como as compulsões ocupam uma boa parte do tempo da pessoa, prejudicando ou dificultando seu dia a dia.
Como a própria pessoa reconhece que seus pensamentos ou atos são sem sentido, ela procura disfarçar tais manifestações, evitando conversar sobre esse assunto e relutando em procurar auxilio médico psiquiátrico.
O transtorno obsessivo compulsivo inicia em geral no fim da adolescência, por volta dos 20 anos de idade e atinge cerca de 2 em cada 100 pessoas. A doença pode se manifestar em crianças também. Em geral a doença evolui com períodos de melhora e piora; com o tratamento adequado há um controle satisfatório dos sintomas, embora seja pouco freqüente a cura completa da doença.
Muitos portadores de TOC apresentam também outros transtornos como fobia social, depressão, transtorno de pânico e alcoolismo. Alguns transtornos mentais como a tricotilomania (arrancar pelos ou cabelos), o distúrbio dimórfico do corpo (idéia fixa de que há um pequeno defeito no corpo, em geral na face) e a síndrome de Tourette (síndrome dos tics) parecem estar relacionados ao TOC.
Pesquisas recentes mostram que o TOC é uma doença do cérebro na qual algumas áreas cerebrais apresentam um funcionamento excessivo. Sabe-se também que o neurotransmissor serotonina está envolvido na formação dos sintomas obsessivo-compulsivos. Acredita-se também que as pessoas que tem uma predisposição para a doença, reagem excessivamente ao estresse. Tal reação consiste nos pensamentos obsessivos, que por sua vez geram mais estresse, criando assim um circulo vicioso.
O tratamento do transtorno obsessivo compulsivo envolve a combinação de medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos utilizados são os antidepressivos, em geral em doses elevadas e por tempo bastante prolongado. A psicoterapia mais estudada é a terapia comportamental, através da qual o paciente é estimulado a controlar seus pensamentos obsessivos e rituais compulsivos. Outras formas de psicoterapia auxiliam o paciente a lidar com as situações de ansiedade que agravam a doença.